Francisco Cuoco Morre Aos 91 Anos — Um Dos Últimos Galãs Clássicos Da TV Brasileira

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O ator Francisco Cuoco, um dos grandes nomes da teledramaturgia brasileira, morreu nesta quinta-feira (19), aos 91 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein havia cerca de 20 dias, enfrentando complicações decorrentes de uma infecção renal e crises recorrentes de ansiedade.


Ao longo das últimas semanas, Cuoco apresentou um estado clínico delicado, com necessidade de sedação e acompanhamento constante. A causa exata da morte não foi divulgada, mas seus problemas de saúde vinham se agravando desde o fim de 2024. O ator enfrentava limitações de mobilidade, dependia de uma sonda para se alimentar e era cuidado por uma equipe de profissionais em casa.


Nascido no tradicional bairro do Brás, em São Paulo, em 29 de novembro de 1933, Francisco Cuoco começou a vida longe dos palcos. Filho de um feirante e de uma dona de casa, ajudava o pai no trabalho e chegou a se inscrever no curso de Direito antes de descobrir o talento para a atuação. Sua formação artística aconteceu na Escola de Arte Dramática da USP, ainda nos anos 1950.


A estreia na televisão se deu pela TV Tupi, onde logo chamou atenção por sua beleza clássica, voz firme e presença magnética. Mas foi na TV Globo, a partir dos anos 1970, que Cuoco consolidou seu nome no estrelato, dando vida a personagens que marcaram época. Ele foi o Gilberto de ‘O Cafona’ (1971), o Cristiano de ‘Selva de Pedra’ (1972) e o inesquecível Carlão de ‘Pecado Capital’ (1975).


Outro papel que imortalizou sua carreira foi o do misterioso Herculano Quintanilha, em ‘O Astro’ (1977), um personagem que unia sedução, suspense e carisma, e que viria a ser revisitado décadas depois em um remake. A atuação de Cuoco foi decisiva para consagrar o modelo de galã sofisticado e enigmático que virou referência em tramas posteriores.


Mesmo com o passar do tempo e as mudanças de perfil dos protagonistas, Cuoco se manteve presente na televisão. Em seus últimos trabalhos, fez participações em novelas como ‘Segundo Sol’ (2018) e ‘Salve-se Quem Puder’ (2020), além de uma ponta na série de comédia ‘No Corre’, de 2023. Embora mais discreto, nunca deixou de ser lembrado como um ícone.


Nos bastidores, a vida de Cuoco nos últimos anos era marcada por reclusão e fragilidade. Vivia com a irmã em um apartamento na zona sul de São Paulo, onde contava com uma equipe de cuidadores. Em entrevistas, admitia as limitações, mas mantinha a serenidade. “Tenho alguns problemas de saúde, de locomoção. Mas… é suportável”, disse certa vez.


A Globo, emissora à qual dedicou grande parte da carreira, preparou um especial em sua homenagem. Gravado em 2024, quando estava menos debilitado, o programa ‘Tributo – Francisco Cuoco’ foi exibido no último dia 9 e mostrou a trajetória do ator.


Ao todo, foram mais de 60 anos de carreira, dezenas de novelas, peças teatrais e participações no cinema. Com seu timbre grave, elegância natural e sensibilidade artística, Francisco Cuoco personificou o galã idealizado por gerações.



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