A TV Gazeta, afiliada da Globo em Alagoas e de propriedade do ex-presidente e ex-senador Fernando Collor, está sendo alvo de uma investigação da Polícia Civil do estado. O inquérito apura possíveis irregularidades no pedido de recuperação judicial da emissora, em vigor desde 2019. A abertura da investigação foi solicitada pelo Ministério Público de Alagoas e aceita no último dia 3.
Segundo o jornalista Gabriel Vaquer, do portal F5, a suspeita é de que a recuperação judicial da TV Gazeta possa estar sendo usada como estratégia para evitar pagamentos a credores e antigos funcionários, o que configuraria um calote trabalhista. Até o momento, cinco testemunhas já foram ouvidas, entre elas um credor que conseguiu, na Justiça, a penhora das cotas de comando da emissora pertencentes a Fernando Collor. No entanto, mesmo com a decisão judicial, o pagamento ainda não foi realizado.
A investigação pode incluir depoimentos de profissionais da Globo, já que a emissora carioca decidiu não renovar seu contrato de afiliação com a TV Gazeta em outubro de 2023. A rescisão ocorreu após escândalos envolvendo a emissora alagoana, incluindo denúncias de que Collor teria utilizado a afiliada para receber propina em um esquema de corrupção. Em julho do mesmo ano, o ex-presidente foi condenado pelo STF a oito anos de prisão por envolvimento no caso.
Em uma tentativa de reverter a situação, a TV Gazeta entrou com um pedido judicial para impedir a rescisão do contrato com a Globo, alegando que, sem o apoio da maior emissora do país, não conseguiria arcar com suas dívidas. O Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) decidiu a favor da emissora de Collor em duas ocasiões, desfavorecendo a Globo, que já recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Enquanto a batalha judicial continua, a Globo já tem um acordo verbal com o Grupo Asa Branca de Comunicação, responsável pela TV Asa Branca, afiliada da emissora no interior de Pernambuco. O grupo deve assumir o lugar da TV Gazeta assim que houver autorização para a troca. Até o momento, nem a TV Gazeta nem representantes de Fernando Collor responderam aos contatos sobre as investigações.