Sancionada em 7 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha (nº 11.340) completa 19 anos em 2025 como um marco na luta contra a violência doméstica e familiar no Brasil. Inspirada na história de Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de duas tentativas de feminicídio cometidas pelo então marido, a legislação endureceu a punição para agressores e criou mecanismos de proteção e acolhimento às vítimas.
Apesar dos avanços, os dados seguem preocupantes: em 2024, o Brasil registrou um feminicídio a cada seis horas, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Além da atuação do poder público, a cultura tem papel essencial na conscientização sobre o tema, e o audiovisual brasileiro tem contribuído cada vez mais nesse enfrentamento.
Para refletir sobre a data, reunimos seis filmes e cinco séries que abordam de forma direta ou simbólica a violência contra a mulher, seus impactos e os caminhos possíveis para a superação.
5 filmes sobre violência contra a mulher
1. “É assim que acaba” (2024)
Direção: Justin Baldoni
A adaptação do best-seller da escritora Colleen Hoover, estrelada por Blake Lively e Justin Baldoni, pinta o retrato de um relacionamento turbulento, abusivo e doloroso. O filme segue a história de uma jovem florista que se apaixona por um neurocirurgião aparentemente perfeito, mas logo se depara com um contexto de violência doméstica e psicológica. A narrativa explora a complexidade de relações tóxicas e como o amor é muitas vezes utilizado para mascarar o abuso.
2. “O homem invisível” (2020)
Direção: Leigh Whannell
Nesse thriller psicológico, a vítima de um relacionamento abusivo (Elisabeth Moss) suspeita que o falecido ex-namorado se tornou invisível e está manipulando sua vida. O roteiro aborda temas como abuso psicológico e os desafios que as vítimas enfrentam para serem ouvidas.
3. “Dormindo com o inimigo” (1991)
Direção: Joseph Ruben
A trama revela os desafios enfrentados por vítimas de violência doméstica na busca por segurança e liberdade. A história gira em torno de uma mulher (Julia Roberts) que parece viver um casamento perfeito. Por trás das aparências, porém, ela sofre com o comportamento abusivo e possessivo do marido, e arma uma estratégia para fugir da situação.
4. “A garota no trem” (2016)
Direção: Tate Taylor
A protagonista do longa, vivida por Emily Blunt, testemunha uma situação suspeita durante sua viagem diária de trem, que culmina no desaparecimento de uma mulher. No desenrolar da trama, ela descobre verdades sobre o próprio passado, permeado pelo medo, pela violência e pelo abuso.
5. “Entre mulheres” (2023)
Direção: Sarah Polley
O roteiro é ambientado em uma comunidade religiosa isolada, onde os homens cometem agressões sexuais contra as mulheres. O enredo retrata a união feminina e aborda temas como sororidade, fé e justiça.
6. “Angêla” (2023)
Direção: Hugo Prata
A obra retrata a vida e morte de Angela Diniz, socialite brasileira, cujo trágico assassinato em 1976 se tornou um marco na luta contra a violência de gênero no Brasil. A produção explora questões sociais da época, mas que ainda reverberam na atualidade.
5 séries que tratam do tema com profundidade
1. “Bom Dia, Verônica” (Netflix, 2020–2022)
Criação: Raphael Montes e Ilana Casoy
A série acompanha Verônica Torres, escrivã da polícia que decide investigar casos de violência contra mulheres. A primeira temporada retrata o ciclo de abuso psicológico e físico vivido por Janete (Camila Morgado), vítima do marido policial. A obra expõe o sistema que falha em proteger vítimas e encoberta agressores.
2. “Assédio” (Globoplay, 2018)
Criação: Maria Camargo
Inspirada no caso real do médico Roger Abdelmassih, a produção mostra como um profissional renomado abusava sexualmente de suas pacientes. A série acompanha o surgimento das denúncias, a mobilização das vítimas e a dificuldade em romper o silêncio diante do poder e prestígio do agressor.
3. “Toda Forma de Amor” (Globoplay, 2019)
Criação: Bruno Barreto
Misturando drama e investigação, a série apresenta diferentes histórias de afetos e violências. Entre os arcos, está o de mulheres vítimas de agressão que buscam reconstruir a vida, enfrentando preconceitos, inseguranças e, muitas vezes, a ausência do Estado.
4. “Coisa Mais Linda” (Netflix, 2019-2020)
Criação: Criação: Heather Roth, Giuliano Cedroni
Ambientada no Brasil durante o fim dos anos 1950 e início dos 60, época tida por muitos como os “Anos Dourados”, a série enfatiza a desigualdade e o preconceito de gênero em nossa sociedade, além da banalização do feminicídio – e mostra que, em mais de meio século, muita coisa permanece igual.
5. “O Conto da Aia” (Paramount Plus, 2017-2025)
Criação: Bruce Miller
Baseado no romance de Margaret Atwood, a série é ambientada em um futuro distópico governado por uma teocracia totalitária. Após uma grave queda nas taxas globais de natalidade, as mulheres foram divididas em castas. As poucas que se mantêm férteis são obrigadas a gerar filhos para a elite, enquanto as que não conseguem engravidar devem executar trabalhos domésticos. Uma reflexão sobre o patriarcalismo em nossa sociedade.